segunda-feira, 4 de julho de 2011

[DL2011] Macbeth

Li Shakespeare!

No mês de total desespero na faculdade, eis que o Desafio Literário me propõe a leitura de uma peça de teatro. Escolhi Macbeth do Shakespeare e devo confessar que tive uns momentos bem Lady Macbeth ("Inundai-me, dos pés até a coroa, de vil crueldade.") tamanho o sofrimento acadêmico que vivi em junho. Mas sobrevivemos todos e aqui estou eu pensando no que dizer sobre o clássico.

Algumas coisas me vêm à cabeça quando penso no "bardo", como as citações feitas pelo Bentinho em Dom Casmurro¹, o "Sonho de uma noite de verão" que deveria ter sido encenado no ensino fundamental, e minha tentiva frustada de ler Macbeth há uns três anos, nessa edição de capa sangrenta da foto. Sempre que vejo essa capa, lembro da adaptação do Polanski para o cinema (que ainda não assisti!) e da suposta resposta dele ao ser questionado sobre a quantidade de sangue no filme: "Você não viu a minha casa no verão passado."

Macbeth é isso. Sangue!
"Salve, Macbeth; que um dia há de ser rei!"
Macbeth era um general honrado e querido por todos, até receber a previsão de três bruxas de que reinaria a Escócia. Ao saber disso, sua esposa, Lady Macbeth, alimenta sua ambição e o convence de matar o rei. No poder, Macbeth se torna um tirano, eliminando todos que ameaçassem sua coroa.

Gostei muito da cena em que o fantasma de umas das pessoas que Macbeth manda matar, aparece para ele durante um banquete. ("Não podes me acusar; e nem sacudas pra mim o teu cabelo ensanguentado.") Fazer com que seu inimigo faça papel de louco deve ser engraçado, mesmo quando se está morto. Mas minha cena preferida é o diálogo entre Macduff e Malcolm, irmão mais velho de Macbeth que deveria ter virado rei em seu lugar, depois da morte de Duncan. Macduff tenta convencer Malcolm que ele deveria lutar pelo trono, quando este admite que, com o poder, seria pior que Macbeth. (Gostei ainda mais da cena com o desfecho que ela tem!)
" Malcolm:
Sei que ele é falso,
Sangrento, enganador, luxurioso,
E cheira a todo tipo de pecado,
Que tenha nome. Porém, não há limites
Para minha volúpia: suas filhas,
Mulheres e donzelas não saturam
A vala de luxúria e de desejo
Que venceriam todo impedimento
Que a mim se opusesse; antes Macbeth
Que alguém assim reinar."
Gostei do livro. É um tema muito interessante a maldade humana, apesar de assustador. A passagem em que a Lady Macbeth é observada por seu médico e sua criada durante um devaneio noturno (ou como se possa chamar o sonambulismo dela) em que tenta lavar suas mãos mas a mancha de sangue nunca sai, me lembrou as aulas de Psicologia da Educação I sobre Freud e o inconsciente. Outras falas também me remeteram à psicologia, de forma que acabei dedicando-as à minha professora querida, Ádria Assunção (prima de alto grau! ;D).

Beijoka e inté ;)

Obs¹: Dom Casmurro é um dos meus livros preferidos. PRECISO citar a parte que o Bentinho se compara ao Macbeth:
"Ainda agora sou capaz de jurar que a voz era da fada; naturalmente as fadas, expulsas dos contos e dos versos, meteram-se no coração da gente e falam de dentro para fora. Esta, por exemplo, muita vez a ouvi clara e distinta. Há de ser prima das feiticeiras da Escócia: "Tu serás rei, Macbeth!" — "Tu serás feliz, Bentinho!" Ao cabo, é a mesma predição, pela mesma toada universal e eterna."
(Dom Casmurro, de Machado de Assis)

3 comentários:

  1. uUUHN aula de psicologia era a melhor aula de todas yeanh, hummm, ficoo legal teu poste Morgana . bom desafio de ferias ; )

    ResponderExcluir
  2. Muito bom mesmo! Ano passado eu vi uma adaptação da peça em um teatro aqui do Rio. Muito bom.

    ResponderExcluir
  3. Tirou de letra o tema peças teatrais...beleza de leitura e de resenha. Vou tranferi-la para o autolink do mês passado, tá? Se tiver resenhas dos temas anteriores para passar, pode envia-la para o email desafioliterario[arroba].gmail[ponto].com

    Beijocas e um grande abraço! =D

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...