segunda-feira, 10 de outubro de 2011

post para chamar essa bagaça de blog

Tenho passado por uma fase ruim. Meus sentimentos e sensações recorrentes nas últimas semanas tem sido: ira, estresse, preguiça, tristeza e melancolia. Uma apatia de modo geral. Essa semana foram vários os conselhos que ganhei do Bukowski no aplicativo do facebook (coisa de gente sem vida social suficiente).

Para concordar 100% com o Charles eu precisaria gostar de beber. No mais... 
Em meio a isso ainda descobri o potencial que eu tenho em me desentender com o pessoal da minha turma de faculdade. No final do terceiro semestre eu perdi duas amigas na sala. Nunca fui uma pessoa com muitos amigos e já perdi vários que, dada minha falta de habilidade com as pessoas, ficaram no passado. Mas no caso das duas, elas pararam de falar comigo porque eu estava envolvida em algo que as fizeram reprovar em uma disciplina (na qual eu acabei bombando também). Desde que o professor de antropologia III disse que a gente teria que tirar 10 numa prova que valia 10 (tá, ele pensaria no caso se a gente tirasse uma nota boa, que para ele deve ser acima de nove, já que meu oito não foi suficiente...), ficou aquele clima chato (e inicialmente tosco e infantil, convenhamos), com uma delas fingindo que eu simplesmente não existia e a outra me ignorando, mas me encarando vez ou outra. Esse quadro se mantem agora no quarto período, com a diferença que eu já aceito a perda das amigas e de que nossa relação atual se consiste em minhas críticas (justas e construtivas, apesar de todo esse contexto, devo dizer) aos trabalhos apresentados por elas.
vida de calouro = vida feliz
Como eu dizia, percebi minha facilidade em ter desentendimentos com os colegas. Nas duas últimas semanas: ganhei uma indireta no facebook, por ter me "intrometido" na conversa de alguém que se intromete na conversa de todo mundo - o que para mim foi apenas um pensamento em voz alta de que era um exagero a reação de alguns alunos sobre uma prova que teríamos; e uma pessoa ficou com raiva de mim por eu ter postado a foto de um cartaz afixado no RU em uma manifestação contra a comida de lá - e talvez por ter dito que postaria o vídeo desta manifestação com uma fala contra o DCE (vídeo que se encontra aqui). 
Mas o momento mais tenso foi na última quinta, quando resolveram passar uma lista para que as pessoas assinassem se colocando contra ou a favor do "enforcamento" de dois dias de aula. Quando a lista chegou nas minhas mãos, umas quinze pessoas já tinham colocado "sim" na frente de seus nomes, concordando em matar aula para emendar o feriado do dia 12. Passei a lista sem assinar, mas depois pensei que fazendo isso eu não estaria dando minha opinião, então peguei a lista novamente e escrevi "Não!" com um emoticom feliz na frente. No final da aula quando a lista passou por mim novamente, pude ver o "sim" majoritário, mas também li mais três "Não". Todos de veteranas (digo, de alunas em períodos mais avançados que o da minha turma original)! Duas das quais, gosto muito. Ainda na sala houve o seguinte diálogo: - Você vem dia 13? - Sim, porque não viria? - Porque você vai sacanear todo mundo da sala. - Acontece que eu não fui a única a não concordar. - Beleza então.


Quando eu sai da sala esse dia, uma das poucas pessoas que se importam comigo me disse que aquele meu "não" seria o motivo para o desprezo infinito dos meus colegas para comigo. Mas minha apatia e todos os sentimentos e sensações que citei no início do texto só me permitiam pensar em dizer "foda-se todo mundo!", afinal é muito fácil fazer discurso (como os que exaustivamente ocorreram em sala de aula) falando que tal professor é autoritário ou que cada um tem sua própria opinião, e depois achar ruim que eu tenha uma opinião contrária e a manifeste. O problema do "foda-se todo mundo" lifestyle é que você acaba magoando as pessoas que gostam de você de verdade e com quem você se importa - além de se magoar, já que indiferença e desprezo não têm resolvido meus problemas desconhecidos.

Ainda tive, nessas duas semanas, uma reação alérgica à algo que eu não sei e fiquei oito aulas sem ir no Muay Thai, das dez que eu teria. Meu desanimo se tornou algo físico e senti dores e fraquezas estranhas. Apesar de todos esses momentos, houve algo positivo essa semana que me fez refletir - depois de chorar um pouquinho. Uma pessoa das pessoas mais importantes da minha vida me disse que tinha aprendido comigo que na vida tudo passa, já que ela é feita de momentos. Disse também para eu fazer algo que lhe ensinei: não ligar para o que as pessoas dizem, pois elas nunca irão saber o que se passa comigo, apenas eu, de modo que eu devo seguir o meu coração. São coisas tão batidas, que com a força da sinceridade me tocaram profundamente. Ainda mais por dizer que foi algo que aprendeu comigo, me fez pensar que tenho esquecido coisas intrínsecas a mim. Se o Bukowski não se importa em não ser interessante, eu me importo em não me interessar. 

Depois de um dia bem agitado, estava assistindo TV quando vi alguns trechos da palestra que o Steve Jobs deu em uma formatura universitária. Ouvi algumas coisas motivantes, de certa forma. 
Claro que era impossível ligar os pontos quando estava na faculdade, mas era muito, muito claro, olhando para trás dez anos mais tarde. De novo, você não pode ligar os pontos olhando para o futuro. Você só pode ligá-los olhando para o passado. Então você tem que confiar que os pontos vão, de alguma maneira, se ligar no futuro. Você tem que confiar em alguma coisa, seu Deus, destino, vida, karma, qualquer coisa, porque acreditar que os pontos vão se ligar em algum momento, vai te dar confiança para seguir seu coração, mesmo que te leve para um caminho diferente do previsto... E isso fará toda a diferença.
Quando eu tinha 17 anos, li uma citação que dizia algo como "se você viver cada dia como se fosse o último, um dia você acertará". Isso me impressionou, e nos 33 anos transcorridos sempre me olho no espelho pela manhã e pergunto, se hoje fosse o último dia de minha vida, eu iria querer fazer o que vou fazer hoje? E se a resposta for "não" por muitos dias consecutivos, é preciso mudar alguma coisa.
Decidi me concentrar nas coisas que me fazem bem, que muitas vezes por preguiça ou descuido acabo deixando de lado. Meus relacionamentos e meus projetos. Coisas que demandam tempo, como esse blog e meu vlog. Pessoas que merecem atenção. Enfim, agir em favor daquilo que me agrada, pois estes podem ser os pontos que ligarei daqui a dez anos. Algo como o trecho citado pelo orador de outra formatura, a da turma 2007-2009 do mestrado em diplomacia do Instituto Rio Branco (uma ambição minha, confesso):
"Agir, eis a inteligência verdadeira. Serei o que quiser. Mas tenho que querer o que for. O êxito está em ter êxito, e não em ter condições de êxito. Condições de palácio tem qualquer terra larga, mas onde estará o palácio se não o fizerem ali?" - Fernando Pessoa.
 É isso um pouco do que eu queria por para fora. Beijokas e inté.

p.s.: Prolongando um pouco minha crise existencial (ui, que drama!), veja como fica a cabeça da pessoa estudante de ciências sociais: a fala do Jobs é muito emocionante. Dá aquela vontade de fazer as coisas, de aproveitar a vida. Mas como ouvir que "Seu trabalho será parte importante em sua vida, e a única maneira de sentir satisfação completa é amar o que vocês fazem" da mesma pessoa que é a cara da Apple, empresa cultuada a custas de exploração de mão-de-obra semi-escrava chinesa. É preciso conhecer as várias facetas das pessoas e fatos (como não se esquecer que a Apple também é vista como vilã, mesmo com o Steve Jobs sendo visto como um gênio revolucionário), como as do professor tirano que me fez relembrar dessa mancha da Apple, com um comentário no facebook.

Um comentário:

  1. Nossa, li duas vezes e me segurei pra não chorar. >.<'
    "Decidi me concentrar nas coisas que me fazem bem" é isso que eu sempre tenho tentado te falar. Animo garota! - o resto eu comento pessoalmente. ;)

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