sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

[DL2011] Lampião, Lancelote e minha Maria Bonita

Eu estava na biblioteca do SESC Universitário fazendo minha lista para o Desafio Literário. Tema de janeiro (sim, esse post está atrasado, sorry! >.<'): Literatura Infanto-Juvenil. Quando vou na estante desse gênero, eis que eu vejo um grande livro fino chamado "Lampião e Lancelote". COMO ASSIM? Pego-o na mesma hora já apaixonada.
Eu tenho um apreço muito grande pela cultura do nordeste brasileiro
e pela medieval européia, britânica principalmente. Sentimentos, acredito que inicialmente, influenciados por minhas origens: o primeiro por causa da origem nordestina da minha família materna; e o segundo pela origem do meu nome (Morgana, personagem das lendas do Rei Arthur). Então o livro pra mim foi um presente, que foi devidamente anotado na minha lista de desejos.

Li o livro em outra visita à biblioteca, enquanto deveria estar estudando para um seminário (algo comum, vide meu post sobre O Pequeno Príncipe). Ele conta sobre o encontro dos dois personagens do título, tendo o Lancelote chegado ao sertão brasileiro por um portal escondido nas brumas pela Morgana (sempre diva!). Eles não se entendem e está armada a confusão:
"Cavaleiros da Europa
Contra cabras do sertão
Era lança flecha espada
Muita armadura quebrada
Muita peixeira na mão"
O livro é absurdamente bem trabalhado. O autor, e ilustrador Fernando Vilela, apresenta cada personagem e usa o estilo literário próprio de cada cultura para fazê-lo: usa a métrica do cordel nas falas do Lampião, enquanto as do cavaleiro têm características dos duelos escritos por José Costa Leite. Tá! Essa parte do JCL eu aprendi no final do livro, onde ele, cuidadosamente, explica sobre o texto (coisas como: "sextilha heptassilábica", "esquema de rima ABCBDB", "sílabas poéticas", e outras coisas interessantes que eu aprendi apenas no cursinho!) e as ilustrações do livro. As ilustrações são se encher os olhos, sendo o prata usado nos detalhes do Lancelote e o cobre, nos do cangaceiro.

Agora conversemos um pouco sobre o tal do cangaceiro, que tornou minha leitura ainda mais emocionante e emocionada. Sem querer tomar partido sobre o Lampião, o narrador diz que alguns o viam como herói e outros como bandido. Diz também que os cangaceiros estavam próximo de Mossoró, cidade que guardo na mente como sendo a dos meus avós.

Se eu pudesse dedicar a leitura desse livro à alguém, seria aos meus avós Francisca e Antônio Tenório. Principalmente a ela, minha Maria Bonita, que partiu alguns dias antes da minha leitura. Se eles estivessem aqui, eu poderia ler da maneira como tive vontade na biblioteca, alto, com todo estilo que o cordel exige e com o carinho que os avós merecem.

Na festa de 50 anos de casados: meus avós, minha prima Sara e eu *o*

Desculpem-me pelas resenhas pouco ortodoxas, mas livros estão sempre nos afetando emocionalmente, e às vezes é bom deixar transparecer. Despeço-me aqui deixando algumas observações para os mais curiosos e atenciosos.

Beijokas e inté.
:D

Obs.1: Minha vó costumava contar uma história de sua infância, de quando ela viu o Lampião e seu bando chegando em Mossoró. Não me lembro de tudo. Só da parte que quando os cangaceiros se aproximaram, um primo dela estava no mato fazendo suas necessidades até que os viu e saiu correndo tentando subir as calças. "É um jumento que tá correndo ali no mato?" grita um dos cabras do rei do cangaço. Eu sempre ria! :D

Obs.2: Em 2007 eu fiz um vídeo de presente de aniversário para a minha vó, que deixo disponível aqui para vocês. Ele começa com uma música que ela gostava de cantar, e que é a minha razão para chamá-la de Maria Bonita - além de suas qualidades de guerreira e seu amor e companheirismo por seu marido.



Ob.3: Preciso dizer que o livro tá mais que recomendado? Lindo, lindo! Parábens Fernando Vilela.

5 comentários:

  1. Como sempre sou o primeiro a comentar!
    Achei a capa muito linda, adorei os detalhes de prata e cobre. Ao todo o livro parece ser magnífico, deu até vontade de ler.
    Obs.: Adorei o "Morgana (sempre diva!)"

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  2. Tá escrevendo muito bem. ^^
    Teria se dado bem fazendo artes visuais(eu vi o video). ;D

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  3. Ótimo post, agora vamos correr com a leitura pra alcançar o pessoal do desafio menina...animo.

    bjs

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Pela segunda vez comprei o livro. A primeira li e dei de presente. Nesta ficarei com ele para sempre. Um volume bonito e já raro. A Cosac Naify, editora do volume, fechou as portas para sempre. Parabéns Fernando Vilela, seu livro é uma preciosidade única na admirável literatura ilustrada desse nordeste brasileiro.

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