Quando fui a Feira de Troca de Livros em 2010, troquei meus livros da pré-adolescência por outros mais interessantes. A capa de Mentiras do Rio, de Sergio Leo, me chamou a atenção ao primeiro olhar, assim como tinha acontecido um tempo antes quando folheava uma revista na biblioteca - era uma nota sobre o vencedor do Prêmio SESC de Literatura 2008, Mentiras do Rio. Acabou sendo uma das minhas aquisições. Em julho, o tema do Desafio Literário foi "novos autores" e aproveitei para correr para o Sergio.
Todos os contos de Mentiras do Rio são ambientados no Rio de Janeiro, como bem lembra o Flávio Carneiro (*o* AAAAAH! Flávio Carneiro!!!!) na orelha do livro. Contos me agradam por me prenderem do início ao fim. São marcantes. Têm um suspense mesmo quando não são de suspense, pois o leitor é jogado em uma história que parece já ter começado e ele não sabe bem aonde vai chegar, mas sabe que será surpreendido. Pelo menos nos bons contos é assim. E é assim nos contos do Sergio Leo, com uma pegada meio política e/ou social. Lembro do termo "fumaças esquerdistas" do conto "Não Dá para Voltar ao Rio", o meu preferido - acho que me identifiquei com o narrador, além de ter ficado feliz com o aparecimento das Ciências Sociais no conto.
"Eu tinha, como dizia Cezar, fumaças esquerdistas. Dizia levantando a sobrancelha como sempre, ao fazer alguma ironia, e me olhava quase como entre as sobrancelhas grossas. Hirsutas como as do Darcy Ribeiro, que, por essa época, fazia sucesso entre as meninas do curso de Ciências Sociais, com fala doce e a antropologia, as fartas explicações sobre o processo civilizatório, os ameríndios, as brasilidades. O Cezar também gostaria de falar com às moças, com charme, de civilizações aculturadas pelo homem branco. E da chegada do pecado - bela referência para o passo seguinte, a conversa insinuante sobre tabus e complexos, de Levi-Strauss a Freud na busca incessante da intimidade consentida com o sexo oposto." - trecho do conto Não Dá para Voltar ao Rio, de Sergio Leo.
Cada conto tem uma estrutura diferente, surpreendendo no conteúdo e na forma."Mentira" é um bom exemplo disso e foi outro conto que gostei muito. É sobre a relação do leitor com a obra que lê, uma mentira que o autor/narrador nos conta.
"Mais ainda, você deveria saber que o garoto não estudou nem viveu como você, ou eu; muito menos como o autor do livro retirado da fileira de obras no caixote-estante. Portanto, ao ler, são outras ideias, as que as palavras lidas despertam; as imagens que você veria, na transcrição que eu aqui fizesse, não seriam as mesmas na cabeça do garoto. E o que se pode passar na cabeça de um garoto que junta caixotes e livros e mora num buraco de rua em Copacabana?" - trecho do conto Mentira, de Sergio Leo.
Eu tuitei que estava ansiosa para ler Mentiras do Rio logo quando cheguei da feira e o Sergio Leo me respondeu por mensagem no twitter.
Só posso dizer que não me decepcionei e, pelo contrário, gostei muito do livro. Está recomendado! ;D
achei tão gentil ele responder :) |
Beijokas e inté!!
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